Anibelli Neto relembra 60 anos da Revolta dos Posseiros no Sudoeste do Paraná comparando com a atual momento da Política do Estado.

Anibelli Neto relembra 60 anos da Revolta dos Posseiros no Sudoeste do Paraná comparando com a atual momento da Política do Estado.
A Revolta do Posseiros do Sudoeste do Paraná em 1957, onde levou para o conflito armado Colonos da região contra Jagunços das grandes grileiras de terras, teve seu destaque pelo Deputado Estadual Anibelli Neto na tribuna da Assembleia Legislativa na sessão desta tarde (09/10), o deputado lembrou que é de sua autoria e seu primeiro projeto o que criou a LEI 16850 que instituiu o dia 9 de outubro como “ Dia da Revolta dos Posseiros” e que completa 60 anos.

O deputado Anibelli Neto, relembrou que seu avô Antônio Anibelli que também foi deputado estadual no período e o grande mediador do conflito em defesa dos posseiros do Sudoeste, que após o termino do conflito já em 1962 por seu intermédio como deputado federal trouxe ao Paraná o Presidente da República João Goulart para legitimar os colonos como proprietários das terras, um exemplo de reforma agraria ainda hoje.

Destacou ainda que a luta foi marcada pelos pequenos contra os grandes, que com muita força os pequenos venceram, aqueles que lutavam pelo seu direito de trabalhar, frisou que essa luta continua até hoje e como seu avô fica do lado trabalhador e do pequeno, Anibelli destacou que o projeto que Congela os Salários dos Servidores do Estado é mais uma vez a luta do funcionário públicos (pequenos) contar o Governo do Estado (Grande Opressor) e que como votou contra todos as propostas de aumentos de impostos e contra todas as retiradas de direitos, seu voto será contra o projeto, a favor do funcionalismo público.

Conheça um Pouco Mais A Revolta dos Posseiros do Sudoeste do Paraná:
Na década de 1950, o sudoeste paranaense foi palco de intenso conflito pela posse da terra, envolvendo posseiros, companhias colonizadoras e o poder público.

O conflito estendeu-se pelos atuais municípios de Capanema, Dois Vizinhos, Francisco Beltrão, Pato Branco, Pranchita, Santo Antonio do Sudoeste e Verê e teve origem na disputa jurídica pela posse da Gleba Missões e parte da Gleba Chopim. O governo federal, através da Colônia Agrícola General Osório (CANGO), implantou na região um projeto de colonização e incentivou gaúchos e catarinenses a povoá-la. A Clevelândia Industrial e Territorial Limitada (CITLA), formada por particulares, igualmente instalou-se na área na condição de herdeira das glebas, resultado de longo processo judicial envolvendo o poder público e empreendedores particulares.

A CANGO oferecia aos colonos que chegavam à região ajuda e assistência à terra, à casa, ferramentas e sementes agrícolas e ajuda médica, mas não oferecia o título de propriedade da terra. Desta forma, na prática, os agricultores eram posseiros, tinham a posse da terra, mas não um documento que atestasse a sua propriedade.

A partir de 1956 ocorreu a entrada de duas outras companhias na região, a COMERCIAL e a APUCARANA. As companhias imobiliárias eram classificadas como grileiras devido às irregularidades dos títulos de propriedade que emitiam, já que o seu direito de posse foi negado pela justiça e, mesmo assim, vendiam terras sem autorização legal, mediante falsas escrituras de propriedade. Os posseiros eram alvos tanto das companhias grileiras quanto daqueles que reclamavam a titulação das terras. Juntamente com a CITLA, essas companhias passaram a atuar de forma bastante agressiva e violenta contra os posseiros. Foram contratados jagunços de fora da região, bastante “experientes”, que espalharam o terror pela região. A ordem dada pelas companhias aos jagunços era clara: fazer os posseiros assinarem os contratos de compra das posses que ocupavam, os que se negassem sofriam violência. Os jagunços percorriam a região sempre fortemente armados.

O Deputado Estadual Antonio Anibelli, favorável aos posseiros, demonstrou a gravidade do problema em discursos na Assembléia Legislativa e percorreu a região explicando a situação aos posseiros e aconselhando-os para não assinarem o contrato. Muitos posseiros, principalmente os instalados pela CANGO, recusaram-se a assiná-los, uma vez que não tinham certeza de sua validade, sendo que os papéis usados eram geralmente folhas amassadas, papéis de embrulho ou de maços de cigarros, nos quais o jagunço assinava seu apelido. Eles não se negavam a pagar pela terra, mas duvidavam da autenticidade dos contratos emitidos pelas companhias, uma vez que a legalidade das terras estava sob júdice. Além disso, o preço cobrado era exorbitante: a CANGO, depois que se tornou núcleo, vendia a colônia por cerca de 10 mil cruzeiros, ao passo que as companhias CITLA, COMERCIAL e APUCARANA cobravam até 80 mil cruzeiros.

Em 1957, colonos e posseiros organizaram diversas estratégias de resistência e luta às investidas de jagunços contratados pelas companhias grileiras para amedrontá-los e expulsá-los de suas terras. As ações dos jagunços eram violentas e resultavam em estupros,

espancamentos, incêndios, depredações e até mesmo mortes. Em outubro daquele ano, colonos e posseiros se organizaram em um conflito armado, tomaram as suas cidades e expulsaram as companhias de terras e os jagunços, além de exigir a designação de novas autoridades municipais.

O ápice da revolta ocorreu no dia 10 de outubro em Francisco Beltrão, quando os colonos foram convocados pelo radio iniciou-se um movimento reunindo cerca de seis mil pessoas. Comércio e indústria foram fechados como forma de protesto às violências das companhias. Após o meio dia, os colonos do interior foram chegando. Pelas estradas, de caminhão, camioneta, a pé, a cavalo, de carroça, armados de pau na mão ou uma foice ou um facão. Foi organizada uma comissão para controlar a situação, as estradas foram bloqueadas, o campo de aviação foi impedido com toras e tomou-se conta da cidade.

No dia seguinte, o delegado e o prefeito da cidade haviam desaparecido. A cadeia foi ocupada e os presos comuns foram soltos, com o recado de que voltassem quando fossem avisados. Consta que todos voltaram. Os jagunços se aquartelaram no escritório da companhia COMERCIAL. Foram presos, recolhidos e retirados da cidade em viaturas do Exército por uma estrada secundária, para evitar o ataque dos colonos. Um verdadeiro arsenal de armas foi encontrado no prédio da companhia COMERCIAL, com milhares de balas, metralhadoras, fuzis, winchester. Mais colonos vinham à cidade. Invadiram os escritórios das companhias, depredaram as instalações, os arquivos foram espalhados pelas ruas da cidade, os contratos e as promissórias rasgados.

Os líderes do levante fizeram uma série de exigências ao Chefe de Polícia para solucionar o impasse: substituir o delegado, exonerar o promotor, transferir o juiz, tirar a polícia, não reabrir os escritórios das companhias e não processar os posseiros pela participação na revolta. Todas as exigências foram atendidas.

A Revolta dos Posseiros de 1957 não se tratou de um movimento social organizado, permanente, com projeto político e diretrizes de ação, mas também não representou apenas uma forma simplificada de descontentamento popular que sofreu ou resultou em ações violentas. Foi um grupo de pessoas que vivenciou e partilhou experiências comuns e, a partir disso, sentiu e articulou a identidade de seus interesses entre si contra outros que tinham interesses contrários aos seus.

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