Parabéns Peabiru

A história de Peabiru está intensamente ligada à história do famoso “Caminho de Peabiru”, rota indígena utilizada pelos Guarani e Kaingang, entre outros povos nativos, o qual se estendia por mais de 3.000 km da costa de São Vicente ao Rio Paraná, atravessando os Rios Tibagi, Ivaí e Piquiri pelo qual passou a expedição do Capitão mor Afonso Botelho de San Payo e Souza, em 1769.

Entre os estudiosos, não existe consenso quanto à autoria e a extensão do Peabiru. Enquanto para alguns pesquisadores a antiga trilha tenha sida criada pelos índios do tronco Macro-Jê, ligando nosso litoral ao Chaco, no Paraguai; outros escritores, por sua vez, sustentam que o antigo caminho seria obra da civilização inca, estendendo-se do Oceano Atlântico ao Peru, cortando o Brasil, Paraguai, Bolívia e Peru. Seja como for, acredita-se que um de seus muitos ramais se situava à margem oeste do Rio Mourão, cruzando o Município de Peabiru.

Utilizando o caminho dos indígenas, diversas personalidades percorreram o Peabiru, tais como o aventureiro português Aleixo Garcia, já por volta de 1516; Alvar Nuñes Cabeza de Vaca (primeiro europeu a escrever sobre Peabiru), em 1541; o já citado, Capitão Mor Afonso Botelho de San Payo e Souza, em 1969; Ulrich Schmidel e há ainda uma curiosa lenda de que o próprio São Tomé (discípulo incrédulo de Jesus Cristo) também percorrera a trilha para evangelizar os índios, por eles chamado de Pai Sumé.
SIGNIFICADO DO NOME

O significado da palavra “Peabiru” da língua indígena Tupi-Guarani apresenta divergências: há estudiosos que afirmam que os índios Guarani chamavam o estreito caminho (de aproximadamente 1,40m de largura e 0,40m de profundidade) de “Peabeyú”, cujo significado é “Pe” – Caminho; “Abe” – Antigo; “Yú” – Ida e Volta, portanto, “Caminho de Ida e Volta”.

Poderia ser traduzido ainda, segundo historiadores, como “Caminho Batido”, “Caminho Pisado” ou “Caminho Amassado”. Outra versão seria a de “Peabiru” – “Caminho ao Peru”, uma vez que os povos antigos chamavam aquele país de “Piru”. Entretanto, os significados tradicionalmente aceitos são “Pe” – caminho e “Abiru” – gramado amassado, tendo em vista as características físicas da trilha (em alguns trechos a trilha apresentava o chão forrado de uma grama miúda), ou “Caminho rumo ao sertão”, se levado em conta a crença indígena de que a vereda conduzia ao que eles chamavam de “Iwy Marã’Y”, “Terra – Sem – Males”. A história mostra que para os espanhóis chegarem e criarem a Vila Rica do Espírito Santo, na vizinha Fênix-PR, 60 Km da cidade de Peabiru, no século XVI, eles aproveitaram um caminho já aberto: o Caminho de Peabiru.

 

A COLONIZAÇÃO

O desbravamento da região de Peabiru teve início em 1903, quando grande número de colonizadores acompanhados de suas famílias, construíram suas casas, e dedicaram-se à agricultura, incentivando a vinda de novas famílias à região.

A área compreendida entre o Rio Dezenove ao Rio Ivaí, passou a ser conhecida como “Sertãozinho”, e foi o marco inicial para a formação do povoado do mesmo nome.

Em 1916, a família do pioneiro Francisco Lázaro de Morais (Lazinho Emídio) estabelece-se no território de Peabiru, iniciando assim o processo de colonização. Entre os anos de 1940 e 1941, o Interventor Federal Manoel Ribas, procurando expandir a colonização do Paraná, efetuou a distribuição de “posses” de terras aos colonizadores através do Departamento de Geografia, Terras e Colonização do Estado do Paraná. A região estava subordinada à 5ª Inspetoria de Terras, com sede na cidade de Guarapuava. O chefe da 5ª Inspetoria, o Dr. Sady Silva, engenheiro de vasta experiência, resolveu iniciar um novo patrimônio em 1942 e para isso transferiu a sede da Inspetoria para a localidade “Colônia Mourão”, atual município de Campo Mourão. Após longos estudos localizou a área ideal para a formação do novo povoado e denominou-o “Peabiru”.

Foi somente a partir de 1940 que as queimadas e derrubadas começaram a ser realizadas em grande escala por Ernesto e João Matheus, e coordenadas por Júlio Regis, tendo como auxiliar, o guarda florestal e administrador Cezinando Ribas. O sargento radiotelegrafista da Força Pública do Estado, Silvino Lopes de Oliveira, era chefe de segurança e contava com os seus auxiliares Júlio e Osvaldo Carneiro. Logo na fase inicial da demarcação de lotes territoriais urbanos e rurais, houve um grande número de interessados vindos das diversas partes do País, atraídos pelo bom preço das terras peabiruenses. Infelizmente, já com as baixas do período jesuíticos e dos bandeirantes, com as derrubadas e avanço urbano os indígenas foram cada mais direcionados para reservas ou tendo que viver cruel a dualidade da vida tribal e capitalista.

No ano de 1945, o Patrimônio de Peabiru contava com grande número de estabelecimentos comerciais, serraria, posto de gasolina, farmácia e já fazia por merecer sua elevação à Distrito Administrativo da Colônia Mourão. No ano de 1947, Sady Silva, fundador, dando como cumprida sua missão com êxito absoluto, retornou à capital do Estado e foi substituído em suas funções por Genésio Marino.

Em 1948 foi erguida a Igreja Matriz São João Batista e neste mesmo ano foi instalado o cruzeiro, em 6 de janeiro, pelo pioneiro Cláudio Silveira Pinto em local indicado por Cezinando Ribas. A primeira missa foi celebrada em 24 de junho de 1948 pelo padre Aloysio Jacob, missionário da Congregação do Verbo Divino.

 

A EMANCIPAÇÃO

Peabiru, nasceu das mãos de um dos maiores intelectuais e governador que o Paraná teve: Bento Munhoz da Rocha Neto, que governou o estado de 31 de janeiro de 1951 a 2 de abril de 1955.

Segundo o censo de 1950, o município contava com 10.376 habitantes, enquanto que Maringá, nesta mesma época, tinha 8.898 habitantes. Assim, dado a seu grande surto de progresso e inúmeras reivindicações de seus cidadãos, Peabiru foi elevado a Município autônomo, sem que houvesse passado por Distrito, no dia 14 de novembro de 1951.

Nesta data, o governador Munhoz da Rocha sancionou a Lei 790, definindo a nova divisão territorial do Paraná, criando o município de Peabiru, que emancipou-se de Campo Mourão. O território do novo município alcançava até as barrancas do Rio Paraná, abrangendo as regiões atuais de Umuarama e Cianorte.

Em 14 de dezembro de 1952, Silvino Lopes de Oliveira, foi tomou posse como o primeiro prefeito eleito.

A situação geográfica de Peabiru abrangia grande extensão, os trabalhos relativos ao setor judiciário se avolumavam de forma impressionante, e por necessidades prioritárias, foi elevado à Comarca no dia 14 de dezembro de 1953, tendo como primeiro Juiz de Direito Dr. Jorge Andriguetto e como primeiro Promotor Público, Dr. Alceu Mendes da Silva.

A partir de então, o município tornou-se uma localidade de grande atração populacional e viveu duas décadas de grande progresso, tornando-se uma referência para a região.

 

PEABIRU HOJE

Herdando a tradição do caminho de história milenar, o antigo povoado de Peabiru tornou-se um município acolhedor, recebendo imigrantes de todas as partes do mundo: primeiro os europeus e os árabes. Mais tarde os asiáticos, gente de todas as partes do mundo que, ao lado de trabalhadores provenientes de várias regiões do Brasil, construíram aqui uma sociedade de muitos sotaques e um exemplo de convivência pacífica.

Com sua história e vocação, Peabiru deu ao Brasil e ao mundo grandes expressões da literatura, das artes, da política e da fé.

Peabiru exibe nas arquiteturas das casas, nas suas tradições, na multiplicidade das religiões, nas cores e no rosto de sua gente, a marca desta extraordinária diversidade étnica e cultural.

Fonte: http://peabiru.pr.gov.br/index.php?sessao=b054603368ncb0&id=1462

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